A prefeita de Campo Grande (MS), Adriane Lopes (PP), está no centro de debates após a nomeação de 12 pastores evangélicos para cargos na administração municipal. A informação, divulgada em postagens nas redes sociais, ganhou força após críticas sobre a falta de transparência nos critérios técnicos usados nas contratações. Entre os nomeados está o pastor Antônio Dionízio da Silva, presidente da Igreja Assembleia de Deus Missões, frequentada pela gestora, e envolvido em uma polêmica de assédio em 2020.
A prefeitura afirmou, em nota, que as nomeações seguiram “critérios estritamente técnicos”, sem relação com a filiação religiosa dos contratados. No entanto, questionada sobre detalhes do processo de seleção, a administração não apresentou explicações específicas, limitando-se a destacar a “capacidade profissional” dos pastores. A ausência de esclarecimentos ampliou o debate sobre possíveis conflitos de interesse, já que Adriane Lopes e sua família são membros ativos da mesma denominação religiosa dos nomeados.
A falta de transparência na justificativa das contratações foi comparada por críticos nas redes a “cultos de terça-feira” — alusão irônica a celebrações evangélicas mais curtas. Para especialistas em direito administrativo ouvidos de forma anônima por veículos locais, a legislação exige que editais públicos especifiquem requisitos para cargos, evitando favorecimentos. A prefeitura, porém, não detalhou quais habilidades técnicas diferenciaram os pastores de outros candidatos, alimentando especulações sobre influência religiosa nas decisões.
O caso ganhou contornos mais complexos com a inclusão do pastor Antônio Dionízio da Silva na lista de contratados. Em 2020, ele foi protagonista de um vídeo que viralizou ao mostrar um “tapa no bumbum” em uma ex-funcionária da igreja, durante um culto. O episódio gerou protestos, mobilização policial e divisão entre fiéis. À época, a vítima relatou constrangimento, mas não formalizou queixa. A prefeitura não comentou se o histórico do pastor foi considerado durante a análise técnica.
Nas redes, a hashtag #ChamaNoQI viralizou, com usuários brincando sobre a suposta “intervenção divina” nas contratações. Enquanto apoiadores da gestora defendem o direito de pastores ocuparem cargos públicos, opositores questionam se há equilíbrio entre Estado laico e influência religiosa. A discussão reflete tensões nacionais sobre o crescimento de evangélicos na política, mas, em Campo Grande, a pergunta permanece: qual milagre, afinal, uniu técnico e religião na prefeitura?
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