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Silas Malafaia Expõe Deputados e Acende Debate Sobre Anistia aos Presos do 8 de Janeiro

Influente pastor evangélico usa suas redes sociais para pressionar parlamentares que não apoiaram o projeto de anistia, chamando alguns de "traíras" e intensificando a polarização política no país

Pastor Silas Malafaia usa planilha para expor parlamentares que não apoiaram projeto de anistia para os envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023
Pastor Silas Malafaia usa planilha para expor parlamentares que não apoiaram projeto de anistia para os envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023

A temperatura na política brasileira subiu alguns graus nos últimos dias após o Pastor Silas Malafaia, figura influente no meio evangélico e apoiador de primeira hora do ex-presidente Jair Bolsonaro, publicar um vídeo contundente em suas redes sociais. Na publicação, que já acumula mais de 65 mil curtidas, o líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo nomeou e expôs todos os deputados federais que não assinaram o pedido de urgência do projeto de lei que busca anistiar os envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023.

Com sua tradicional retórica afiada, Malafaia não poupou críticas aos parlamentares que se abstiveram de apoiar a proposta, reservando palavras especialmente duras para dois deputados do PL, partido do ex-presidente Bolsonaro, a quem chamou abertamente de “traíras”.

“O PL tem duas traíras. O deputado Antonio Carlos Rodrigues, de São Paulo, ‘amissssimo’ do ministro Alexandre de Moraes (do Supremo Tribunal Federal). Não assinou o pedido de urgência do projeto da anistia, e o deputado Robinson Faria, lá do Rio Grande do Norte, que saiu do PL, mas o nome dele ainda consta”, afirmou o pastor, com visível indignação em seu vídeo publicado no Instagram com o título “O BRASIL TEM QUE SABER! Deputados que assinaram a favor do PL da anistia e os que não assinaram”.

No vídeo, Malafaia apresenta uma planilha detalhada marcando em verde os parlamentares que apoiaram a proposta e deixando em branco aqueles que não manifestaram apoio. A estratégia de “nomear e envergonhar” (name and shame) é uma tática que o pastor tem utilizado com frequência em questões políticas, mobilizando sua base de 4 milhões de seguidores apenas no Instagram.

A repercussão da publicação foi imediata. O deputado Robinson Faria, que já havia migrado para o Republicanos em dezembro do ano passado, protocolou na manhã seguinte um requerimento pedindo a inclusão de seu nome no pedido de urgência. Já Antonio Carlos Rodrigues, conhecido por sua proximidade com o ministro Alexandre de Moraes, não se manifestou publicamente sobre o assunto quando procurado pela imprensa.

Esta não é a primeira vez que Malafaia se coloca como guardião dos valores bolsonaristas e defensor da anistia para os envolvidos nos eventos de 8 de janeiro. Em março deste ano, o pastor foi um dos principais organizadores de um ato em Copacabana que reuniu milhares de apoiadores em defesa da anistia e com críticas ao ministro Alexandre de Moraes, a quem chegou a chamar de “criminoso”.

A tática de pressão parece ter surtido algum efeito. O PL conseguiu apresentar um requerimento com 262 assinaturas para tramitação em regime de urgência do projeto, cinco a mais do que o mínimo necessário. Curiosamente, partidos da base do governo Lula colaboraram com 146 assinaturas, enquanto o PL apresentou 88.

No entanto, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), não é obrigado a colocar o projeto em votação apenas pelo número de assinaturas alcançadas. Na semana passada, Motta afirmou que não pautaria propostas que pudessem gerar crises institucionais e, segundo fontes próximas, teria indicado que não considera este o momento adequado para avançar com a proposta.

Para especialistas em comunicação política, a estratégia de Malafaia é eficaz por mobilizar bases e pressionar parlamentares, especialmente em um contexto de polarização. “Quando uma figura de grande influência nas redes sociais e nos púlpitos expõe publicamente os nomes de parlamentares, isso gera um tipo de pressão que vem diretamente dos eleitores e das bases religiosas”, explica Maria Cláudia Ferreira, cientista política da Universidade de Brasília.

Essa não é a primeira polêmica protagonizada pelo pastor nos últimos meses. Recentemente, Malafaia passou por uma cirurgia no olho, o que não o impediu de manter suas manifestações políticas contundentes nas redes sociais. Em uma de suas últimas publicações, chegou a afirmar que “a manjedoura está vazia, a cruz está vazia, o túmulo está vazia. Jesus vive e reina para sempre!”, mesclando discurso religioso com sua atuação política, marca registrada de sua comunicação.

A capacidade de Malafaia em mobilizar seus seguidores e pressionar políticos demonstra a força que lideranças religiosas têm conquistado no cenário político brasileiro, especialmente quando se posicionam em questões polarizadoras como a anistia para os envolvidos nos eventos de 8 de janeiro. À medida que o debate sobre o projeto avança (ou esfria) no Congresso, é provável que o pastor continue a usar suas plataformas para influenciar o processo político, para o contentamento de uns e a irritação de outros.

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Marcos Almeida

Marcos Almeida, aos 51 anos, é um renomado jornalista especializado em notícias gospel. Com mais de duas décadas de experiência, Marcos tem se destacado por sua abordagem sensível e informativa sobre a comunidade cristã. Iniciou sua carreira na rádio local de sua cidade natal, onde seu interesse pela música e cultura gospel se desenvolveu. Ao longo dos anos, ele escreveu para diversos jornais e revistas cristãs, além de criar e manter um dos blogs mais influentes sobre o tema no Brasil. Marcos é conhecido por sua habilidade em abordar tanto as celebrações quanto os desafios dentro do universo gospel, sempre promovendo um diálogo construtivo e informativo. Atualmente, ele continua a inspirar e informar através de suas reportagens, análises e entrevistas com líderes religiosos e artistas do meio gospel.

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