Pastor Elizeu Rodrigues se Distancia de Miguel Oliveira após Escândalo do ‘PIX Profético
Mentor teológico do jovem pregador desabafa publicamente que 'não é pai de Miguel' e critica práticas que associam atos financeiros a bênçãos espiriais
Uma nova polêmica agita o meio evangélico brasileiro nos últimos dias. O respeitado pastor e teólogo Elizeu Rodrigues, conhecido por suas pregações na Assembleia de Deus e cursos de teologia, fez questão de se distanciar publicamente de seu mentorado, o controverso pregador adolescente Miguel Oliveira, após este protagonizar o que muitos têm chamado de “escândalo do PIX profético”.
Em um desabafo contundente em suas redes sociais, Elizeu declarou: “Queridos, não sou pastor do Miguel. Não sou pai do Miguel. Sou apenas um professor de teologia. Ensino o que sei, o que prego e o que vivo. Mostro a ele seus erros e o corrijo à luz da Palavra.” A declaração ocorre após Miguel Oliveira, durante uma live de oração, solicitar que seus seguidores enviassem PIX no valor de R$ 100 como “ato profético” para receberem bênçãos especiais.
A prática de Miguel, que gerou uma enxurrada de críticas nas redes sociais, consistia em pedir que seguidores saíssem da transmissão ao vivo, realizassem a transferência financeira e enviassem o comprovante via mensagem direta. Quando questionado por alguns participantes da live, o jovem pregador reagiu com irritação: “Quem crê, faz. Quem não crê, pode sair”, disse ele, em tom de desafio.
O episódio não apenas levantou críticas à prática em si, mas acabou prejudicando a imagem de Elizeu Rodrigues, que havia assumido publicamente a mentoria do adolescente há poucos meses. O próprio Elizeu já declarou anteriormente que seu objetivo era “preparar Miguel teologicamente em hermenêutica e exegese bíblica” – ensinamentos que aparentemente não estão sendo aplicados pelo jovem em suas aparições públicas.
“Jesus tinha uma multidão de discípulos e apenas 11 se firmaram na graça de imitá-lo. Da mesma forma, tenho muitos alunos, mas qual deles praticarão o que aprendem? O tempo dirá!”, completou o pastor em seu desabafo, numa clara referência ao comportamento controverso de Miguel.
Esta não é a primeira polêmica envolvendo o nome de Elizeu Rodrigues nos últimos meses. Recentemente, ele foi alvo de críticas após alertar o jovem pregador Miguel Oliveira para que “fugisse” do pastor Leonardo Sale, do coach Pablo Marçal e do pregador Agenor Duque – declaração que resultou em um conflito público com Leonardo Sale, que chegou a vazar uma conversa telefônica com Elizeu nas redes sociais.
Os pedidos de PIX durante transmissões religiosas têm se tornado cada vez mais comuns, gerando debates sobre a linha tênue entre oferta voluntária e manipulação emocional dos fiéis. Especialistas em teologia questionam a prática de vincular contribuições financeiras a promessas de bênçãos específicas.
“A mercantilização da fé é uma preocupação séria na igreja contemporânea. Quando se associa uma transferência bancária a uma resposta divina, estamos no território perigoso da simonia – a prática de comercializar coisas espirituais”, explica o teólogo Paulo Mendes, doutor em estudos bíblicos.
Internautas compararam o jovem Miguel Oliveira à pastora Renálida, que ficou conhecida nas redes sociais por práticas semelhantes. Nos comentários das publicações sobre o caso, muitos fiéis expressaram preocupação com o rumo que certas práticas têm tomado no meio evangélico.
Após o episódio, Miguel Oliveira não se pronunciou publicamente sobre as críticas que recebeu nem sobre o distanciamento de seu mentor. O adolescente, que vem ganhando notoriedade por suas pregações emocionadas e supostas revelações proféticas, já havia sido alvo de questionamentos anteriores por sua juventude e pela falta de formação teológica formal.
Procurado pela reportagem, o pastor Elizeu Rodrigues não quis dar mais detalhes sobre o caso, mas reforçou, através de sua assessoria, que continuará ensinando a Palavra “com integridade e compromisso com a verdade bíblica, independentemente das distorções que possam ocorrer no caminho”.
Para observadores do cenário religioso brasileiro, este episódio ilustra uma tendência preocupante de monetização da fé, especialmente potencializada pelas redes sociais e pelo acesso fácil a métodos de pagamento instantâneo como o PIX.
“A Bíblia é clara quando diz ‘de graça recebestes, de graça dai’ (Mateus 10:8). O Evangelho não deve ser transformado em produto nem as bênçãos em mercadoria,” conclui Mendes.
