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Eleições da Assembleia de Deus em 2025: Disputa de Poder na CGADB e Impacto no Cenário Evangélico

 

Reunião de líderes da Assembleia de Deus durante a AGO, com foco na eleição de 2025 e disputas internas. (Fonte: Reprodução/Instagram)
Reunião de líderes da Assembleia de Deus durante a AGO, com foco na eleição de 2025 e disputas internas. (Fonte: Reprodução/Instagram)

A Assembleia de Deus, maior denominação evangélica do Brasil, ultrapassou a marca de 30 milhões de fiéis espalhados por todo o território nacional. Em abril de 2025, essa vasta comunidade se prepara para viver uma fase crucial: a 47ª Assembleia Geral Ordinária (AGO) da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB). Organizado na cidade de São Paulo, o evento promete intensas disputas políticas, possíveis conflitos internos e debates que podem afetar o cenário evangélico do país.

Uma Encruzilhada Histórica

A denominação chega a esta sob uma atmosfera de desafios. De um lado, existe a liderança veterana, formada por pastores como José Wellington Costa Junior e seu pai, o pastor José Wellington Bezerra da Costa (presidente emérito da CGADB). Eles representam décadas de administração contínua e exercem grande influência na igreja.Entretanto, novas vozes dentro da Assembleia de Deus defendem renovação, abertura e modernização de algumas estruturas. Em muitos grupos de discussão, esse confronto entre tradição e inovação é chamado de “tormenta eclesiástica”. Para alguns, essa tensão já se manifesta nos bastidores de convenções regionais e nas redes sociais.

Data e Local Estratégicos

A 47ª AGO foi confirmada pela própria CGADB para o período de 17 a 21 de abril de 2025, com São Paulo como cidade-sede. A escolha não é apenas logística: a metrópole é um polo econômico e cultural, além de abrigar centenas de templos assembleianos. Nela, líderes históricos como o pastor José Wellington Bezerra da Costa construíram um sólido legado, consolidando São Paulo como centro de operações e de tomadas de decisão.

Transição e Disputa de Poder

Pelas normas da CGADB, a Assembleia Geral Ordinária de 2025 realizará eleições para a Mesa Diretora e para o Conselho Fiscal, cargos que regerão o período de 2025 a 2029. Na mesma ocasião, vários conselhos e comissões serão renovados para cuidar de diretrizes doutrinárias, administrativas e políticas.Muitos enxergam essa AGO como uma chance rara de redefinir o poder na Assembleia de Deus. Atualmente, a denominação abriga linhas teológicas bem diversas, que variam do conservadorismo estrito até correntes mais abertas à modernidade. Enquanto alguns insistem em usos e costumes tradicionais, outros pedem métodos de gestão mais transparentes e adaptados ao mundo contemporâneo.

Consequências Políticas e Religiosas

O voto evangélico cresce em importância a cada pleito, principalmente nos níveis federal e estadual. Por isso, qualquer mudança de liderança adotada na maior igreja pentecostal do país repercute na política. Codinomes de referência no meio assembleiano, quando recomendam candidatos ou pregam um discurso mais flexível, podem modificar a posição de milhares — ou até milhões — de eleitores.Não seria exagero dizer que o resultado dessa AGO influenciará o posicionamento da Assembleia de Deus em eventos cruciais das próximas eleições. As municipais de 2024 ainda trazem reflexos, e a corrida presidencial de 2026 já se esboça no horizonte. Dependendo de quem sair fortalecido no conclave de abril, a denominação poderá se inclinar a uma postura mais conservadora ou dialogar de forma mais ampla com outras correntes políticas.

Alianças e Estratégias nos Bastidores

Apesar de o clima parecer amigável na superfície, há bastante tensão entre diferentes grupos de pastores. Muitos reclamam de suposta falta de transparência na gestão dos recursos e de concentração de poder em torno de um pequeno círculo de líderes. Por outro lado, o grupo ligado ao pastor José Wellington Costa Junior não permanece inerte. Ao contrário, eles contam com a legitimidade histórica da família Wellington e com o vasto apoio de pastores que cresceram sob essa liderança.Entretanto, lideranças emergentes desejam se emancipar desse domínio e questionam o fato de a presidência pertencer a um mesmo grupo familiar por tanto tempo. Alegam que a denominação, com seu crescimento exponencial, não pode ficar restrita a um quadro de comando que remeta a poucas pessoas ou a um só sobrenome.

Por que São Paulo?

A escolha de São Paulo não se explica apenas pela ampla estrutura hoteleira ou de transportes. A cidade é também um símbolo de poder assembleiano, onde o Ministério do Belém, liderado pelo pastor José Wellington Bezerra da Costa, possui imenso prestígio. Quem defende a realização da AGO ali afirma que a infraestrutura facilita a vinda de delegados de todo o Brasil. No entanto, críticos suspeitam de manobras para manter a hegemonia do grupo dominante, já que São Paulo é seu “terreno familiar”.

Reconfiguração do Poder

A eleição da Mesa Diretora é o grande espetáculo, mas não é o único ponto que desperta atenção. Em paralelo, conselhos e comissões também passarão por mudanças. Essas estruturas formam alicerces do poder assembleiano, pois definem rumos teológicos, administrativos e até políticos, influenciando a relação entre a igreja e o mundo externo.

  1. Conselho de Doutrina: Determina parâmetros teológicos. Pode travar ou permitir mudanças litúrgicas, além de avaliar questões sobre usos, costumes e participação em pautas sociais.
  2. Comissão de Relações Públicas: Cuida da imagem da igreja e gerencia contatos com a imprensa. Assim, uma liderança mais aberta ao debate público pode dar um tom diferente à Assembleia de Deus, abrindo espaço para temas sociais e solidários.
  3. Comissão Política: Orienta a postura da denominação frente a candidaturas e partidos. Embora algumas facções defendam a neutralidade, figuras mais alinhadas a determinada corrente política podem direcionar a igreja a apoiar ou rejeitar certos candidatos.

Cada pessoa escolhida para esses cargos adiciona uma peça ao “xadrez assembleiano”. Se o bloco reformista vencer, a denominação pode passar por uma reestruturação significativa. Entretanto, se o grupo tradicional garantir maioria, o rumo poderá continuar estável, mas sujeito a críticas daqueles que clamam por mudanças.

Tensão versus Continuidade

Ao mesmo tempo em que a liderança atual fala em paz, respeitar a unidade e dar sequência à tradição, há grupos que denunciam o “medo de dividir” como um artifício para perpetuar o poder. Aliados do status quo alegam que qualquer instabilidade poderia fragmentar a igreja em diferentes convenções, comprometendo a relevância de uma igreja com tanta história.Entretanto, quem apoia uma reforma na estrutura argumenta que instituições precisam evoluir para não se desatualizarem. Alegam que a teimosia em manter regras ultrapassadas pode espantar a juventude, cada vez mais ligada em redes sociais e debates sociais emergentes.

Pastores de Meio-Termo

Também existem líderes que buscam um caminho intermediário. Para eles, é possível equilibrar herança pentecostal e modernidade sem abandonar valores centrais. Um plano de renovação gradual, na opinião desses moderados, pode ocorrer sem partir a denominação.

Debates sobre Modernização e Transparência

Entre os combates mais acalorados está a discussão acerca dos recursos financeiros. A Assembleia de Deus administra verbas consideráveis, provenientes de dízimos e ofertas. Boa parte dos fiéis confia nas lideranças, porém cresce a pressão por auditorias, relatórios e maior divulgação de como o dinheiro é aplicado. Falta de clareza, dizem alguns, cria brechas para práticas irregulares ou suspeitas.Outro ponto crítico envolve o ingresso do meio evangélico em pautas modernas, como o uso das redes sociais para o evangelismo e a adoção de formatos híbridos de culto. Alguns pastores apostam na tecnologia para alcançar mais vidas, enquanto outros temem que esse entusiasmo esfrie o fervor pentecostal tradicional.

Um Momento Decisivo

A 47ª AGO não será apenas um encontro protocolar. Ela reunirá homens, mulheres, jovens e até adolescentes envolvidos com a convenção. Essa variedade de participantes intensifica o clima de expectativa. Reuniões paralelas em hotéis, restaurantes e salas de apoio poderão selar acordos ou definir votos essenciais.Cada líder deve avaliar que tipo de Assembleia de Deus deseja ver após 2025. O que for decidido na eleição da Mesa Diretora e do Conselho Fiscal estabelecerá se haverá continuidade ou se surgirá uma brecha para a renovação. Nenhum voto será irrelevante nessa disputa.

O Impacto no Cenário Evangélico

Quando se fala em Assembleia de Deus, fala-se no maior bloco pentecostal brasileiro. Outras igrejas, tanto históricas quanto pentecostais ou neopentecostais, podem acompanhar cada detalhe do processo. Transformações na CGADB podem desencadear efeitos em cadeia, alterando a dinâmica de poder no meio evangélico.Além disso, políticos que tentam ganhar o voto cristão prestam atenção redobrada. Eles sabem que uma guinada interna na liderança assembleiana pode mudar alianças ou fragilizar o apoio a determinadas candidaturas, afetando, por consequência, votações em diversas regiões do país.

Perspectivas para Além de 2025

A origem da Assembleia de Deus remonta ao início do século XX, época em que missionários pentecostais começaram a disseminar o avivamento no Brasil. Desde então, a igreja cresceu rapidamente, mas agora se vê diante de uma encruzilhada. Será possível manter uma identidade pentecostal sólida sem abrir passagem à geração que enxerga o mundo por outros ângulos?Embora a tradição exerça forte peso emocional, parte dos fiéis clama por inovações que incluam tecnologias midiáticas e maior debate sobre temas de cidadania. Entretanto, alguns pastores mais antigos se sentem desconfortáveis com mudanças velozes, temendo práticas que julgam liberais demais.

Nomeação de Conselhos e Comissões

O modo como cada conselho será preenchido pode selar o destino da Assembleia de Deus pelos próximos anos. Uma renovação acompanhada de diálogo pode ampliar a influência da igreja em diversos campos, inclusive no âmbito social. Porém, uma nova hegemonia de grupos fechados corre o risco de aprofundar a deterioração de certas relações internas e manter um clima de desconfiança.

Evitando Divisões e Olhando para o Futuro

No meio de tantas divergências, a busca por um equilíbrio saudável surge como o ideal. Respeitar o pentecostalismo clássico não deveria excluir a chance de evoluir, ganhar transparência ou incorporar ferramentas que aproximem a igreja de problemas reais da população. Manter a unidade é importante, mas não ao preço de silenciar vozes que defendem melhorias.Muitos líderes depositam esperança em São Paulo como símbolo de organização e hospitalidade, esperando que a cidade suporte, com sua vasta estrutura, o fluxo de participantes. Entretanto, o risco de brigas políticas é evidente.

Caso disputas e interesses pessoais se sobreponham ao propósito espiritual, a Assembleia de Deus pode perder de vista seus próprios pilares, como a comunhão cristã e a pregação do Evangelho.É essencial recordar que a força do pentecostalismo está na busca constante pelo mover do Espírito Santo, pela solidariedade e pela expansão missionária. Caso as lideranças valorizem a unidade e equilibrem sua agenda com alguma renovação, o efeito poderá ser positivo para toda a comunidade assembleiana. Porém, se a luta pelo poder obscurecer esses princípios, o risco de rachas e crises será inevitável.

Os próximos meses serão repletos de articulações, discursos e negociações de corredores. É provável que cada aliança formada ou desfeita influencie diretamente o cotidiano nos templos e até o processo eleitoral brasileiro. Afinal, quando a principal igreja evangélica do Brasil balança, repercussões ocorrem muito além de suas paredes. Decidindo por um caminho moderado ou pela manutenção radical da estrutura, a Assembleia de Deus vai configurar seu próprio futuro e, com certeza, ecoar em todo o universo evangélico nacional.

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Marcos Almeida

Marcos Almeida, aos 51 anos, é um renomado jornalista especializado em notícias gospel. Com mais de duas décadas de experiência, Marcos tem se destacado por sua abordagem sensível e informativa sobre a comunidade cristã. Iniciou sua carreira na rádio local de sua cidade natal, onde seu interesse pela música e cultura gospel se desenvolveu. Ao longo dos anos, ele escreveu para diversos jornais e revistas cristãs, além de criar e manter um dos blogs mais influentes sobre o tema no Brasil. Marcos é conhecido por sua habilidade em abordar tanto as celebrações quanto os desafios dentro do universo gospel, sempre promovendo um diálogo construtivo e informativo. Atualmente, ele continua a inspirar e informar através de suas reportagens, análises e entrevistas com líderes religiosos e artistas do meio gospel.

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