Denúncia Revela Possíveis Irregularidades na Assembleia de Deus Ministério de Madureira

Investigação revela possíveis abusos de poder e exploração financeira em uma das maiores denominações evangélicas do Brasil

Uma denúncia anônima, encaminhada por um membro de três décadas da Assembleia de Deus Ministério de Madureira (ADMM), trouxe à tona acusações graves sobre supostos abusos financeiros, autoritarismo e desigualdades estruturais na igreja matriz do Rio de Janeiro, liderada pelo Bispo Abner de Cássio Ferreira. O relato, detalhado em documentos enviados à imprensa, descreve um cenário de pressão sobre congregações menores, falta de transparência e tratamento diferenciado entre pastores.

Relato de Três Décadas: Entre a Fé e a Injustiça

O denunciante, que pede anonimato por temer represálias, afirma ser parte ativa de uma filial da ADMM e relata que, embora ame sua congregação, testemunhou práticas que considera “contrárias aos princípios cristãos”. Em um texto emocionado, descreve: “Pastores vivem na penúria, igrejas filiais são exploradas, e quem está no topo desfruta de privilégios. Isso não é o Evangelho que conhecemos”.

1. Pastores sem Remuneração e a Sobrevivência Secular

A principal queixa gira em torno da falta de salários fixos para pastores. Segundo o relato, a maioria dos líderes de congregações menores tem mais de 50 anos, pouca formação acadêmica e precisa conciliar trabalho secular com atividades ministeriais para sustentar suas famílias. “O dinheiro arrecadado nas igrejas filiais é dividido: uma parte mínima fica com o pastor, outra para custos locais, e o restante é enviado à matriz”, explica.

Um caso emblemático citado é o de um pastor da congregação do Araticum, no Rio de Janeiro, que usou recursos arrecadados para reformar o telhado da igreja, danificado por goteiras. Após a obra, o bispo Abner teria removido o pastor do cargo, sob alegação de desvio de verdes destinados à matriz. “Ele foi punido por priorizar a congregação”, lamenta o denunciante.

2. Taxas Obrigatórias: “Obrigados a Pagar até o Luxo da Matriz”

Além das contribuições regulares, as filiais seriam pressionadas a arcar com despesas extras, como:

“Quando a matriz trocou os bancos do templo-sede, todas as filiais tiveram que enviar ofertas extras. Enquanto isso, nossas igrejas estão abandonadas”, relata. Congregações como a da Colônia 2, com menos de 15 membros, não teriam sequer banheiros adequados, segundo a denúncia.

3. Autoritarismo e Medo: “Remoção ou Exposição Pública”

O clima descrito é de intimidação. Pastores que não atingem metas financeiras seriam ameaçados com remoção para igrejas ainda mais precárias ou expostos como “incompetentes”. “Conheço um pastor de quase 80 anos que tira do próprio bolso para manter a congregação. É desumano”, desabafa.

Além disso, há denúncias de favorecimento: pastores próximos à liderança receberiam igrejas maiores e rentáveis, enquanto outros são enviados a comunidades carentes. Disciplina desigual também é apontada: casos de supostos desvios de dízimos e adultérios teriam sido abafados para proteger figuras influentes.

4. Histórico Político e Casos não Esclarecidos

A ADMM já esteve envolvida em polêmicas, como a suspeita de repasse de R$ 250 mil em propinas ao ex-deputado Eduardo Cunha em 2015, conforme apontou a Procuradoria-Geral da República. O denunciante afirma que o caso permanece “nas sombras”. Recentemente, a obrigatoriedade de campanhas políticas em redes sociais das filiais também gerou desconforto.

Impactos na Comunidade: Fé Abalada

O relato destaca um êxodo silencioso de fiéis. “Membros estão se afastando, desiludidos. Pastores desenvolvem doenças emocionais, e as filiais sentem-se órfãs”, descreve. A comparação entre o luxo da matriz, que abriga até gatos circulando livremente durante cultos — tratados como “intocáveis” pelo bispo —, e a realidade das filiais alimenta a revolta.

Posicionamento da ADMM

A reportagem entrou em contato com a liderança da ADMM por e-mail, telefone e redes sociais, mas não obteve resposta até a publicação deste texto. As acusações ainda carecem de comprovação formal, e o bispo Abner não se manifestou publicamente sobre o caso.

O que Dizem os Especialistas

Advogados especializados em direito eclesiástico ouvidos pela reportagem ressaltam que, se confirmadas, práticas como desvio de recursos e coerção financeira podem configurar crimes como estelionato ou apropriação indébita. “Igrejas têm isenção fiscal, mas precisam seguir a lei como qualquer instituição”, afirma um jurista.

A Denúncia que Ecoa nas Comunidades

Enquanto a ADMM mantém silêncio, o relato anônimo circula entre fiéis e ex-membros, reacendendo debates sobre transparência e ética em instituições religiosas. “Não queremos destruir a igreja, mas salvá-la dessas práticas”, conclui o denunciante.

A reportagem segue apurando novos detalhes e continuará a buscar um posicionamento oficial da convenção.

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