Polêmica sobre igrejas de paredes pretas divide opiniões

Líderes religiosos debatem a tendência de templos com ambientes escuros, enquanto alguns defendem a modernização, outros criticam a prática

Pastora Helena Raquel ministrando durante o 39º Congresso dos Gideões Missionários em Camboriú, SC.

O recente surgimento de igrejas com paredes pretas e ambientes escuros tem gerado uma acalorada discussão no meio evangélico brasileiro. Enquanto alguns líderes religiosos veem essa tendência como uma forma de modernização e atração dos jovens, outros a condenam como contrária aos ensinamentos bíblicos.

A missionária Helena Raquel, líder da ADVIP (Associação de Valorização e Integração da Pessoa), se posicionou a favor dessas igrejas. Em suas redes sociais, ela afirmou: “A maioria é linda, não apenas pela cor e luzes, mas linda no exercício de ser igreja. Agora existe uma minoria entre paredes de qualquer cor, que já não se fazem Igreja, organismo vivo.”

Helena defendeu a coerência dos líderes que optam por esse estilo arquitetônico. “Entendo quando um ancião tenta ponderar até onde é saudável a modernização de algumas questões. Mas quanto aos que acessam esses púlpitos, ali são sustentados e honrados e depois para agradar a outros, falam contra essas Igrejas não estão sendo coerentes.”

Por outro lado, líderes tradicionais têm criticado veementemente essa prática. No Congresso dos Gideões Missionários 2024, o Pr. Geziel Gomes, da Assembleia de Deus, declarou que pastores que pintam suas igrejas de preto estão contrariando as Escrituras, citando Atos 20:8, que menciona “muitas luzes” no cenáculo.

O Pr. Osiel Gomes, também presente no congresso, alertou: “Não precisa pintar as paredes de preto para encher a Igreja, mas basta pregar o Evangelho e a operação de milagres.”

Contexto Histórico

Essa polêmica reflete uma tensão maior dentro do protestantismo brasileiro. Desde o surgimento das igrejas neopentecostais na década de 1970, houve uma crescente adoção de práticas consideradas “modernas” e voltadas para a atração de fiéis, especialmente os mais jovens.

Igrejas como a Universal do Reino de Deus e a Renascer em Cristo foram pioneiras na utilização de recursos midiáticos, como o televangelismo, e na ênfase na teologia da prosperidade, que promete bênçãos materiais aos fiéis.

Essa tendência se intensificou nos últimos anos, com a influência de megaigrejas internacionais, como a Hillsong, de origem australiana. Ambientes escuros, com iluminação cênica e palcos semelhantes a shows musicais, passaram a ser adotados por algumas denominações brasileiras.

Divisão de Opiniões

Enquanto líderes mais tradicionais condenam essas práticas como uma “mundanização” do culto, defensores argumentam que é necessário se adaptar aos novos tempos para atrair e engajar os jovens.

A missionária Helena Raquel ressalta: “Eu amo e respeito as Igrejas neo-pentecostais. Cor de parede não define nada!” Ela vê essas inovações como uma forma legítima de exercer o ministério.

Por outro lado, críticos como o Pr. Geziel Gomes alertam para o risco de se desviar dos princípios bíblicos em nome de tendências passageiras.

A polêmica sobre as igrejas de paredes pretas reflete uma divisão maior dentro do protestantismo brasileiro. Enquanto alguns líderes as veem como uma forma de modernização e atração dos jovens, outros as condenam como contrárias aos ensinamentos bíblicos. Essa discussão evidencia as tensões entre tradição e inovação no meio evangélico, com ambos os lados buscando defender suas visões sobre como melhor exercer o ministério na atualidade.

Comentários
Sair da versão mobile