No mês onde dedica-se a prevenção do suicídio e a valorização da vida, também é importante enfatizar o outro lado da moeda daquele que acabou com a própria vida: os que ficaram, ou como define a psicologia, os sobreviventes. Enfim, como seguir adiante justamente quando se perde alguém de forma tão grotesca? Como entender o que poderia ter sido realizado a fim de ter evitado? E o que é mais difícil: como seguir em frente?
Segundo informações extraídas do Pleno News, a psicóloga especialista em família, Renata Bento, afirma que o efeito do suicídio numa família é devastador por conta da herança muito dura que é recebida aos que ficam. A culpa e a raiva são sentimentos que aparecem e continuam e, numa dada fase onde a pessoa precisa lidar com muitas perguntas sem achar respostas, o assunto se torna um tabu na família.
“É preciso ajudar a pessoa que ficou para que possa falar sobre o assunto, ajudar a quebrar o silêncio, sair do torpor e fazer movimentar-se por dentro para que a elaboração psíquica ocorra. Encorajar a pessoa a buscar ajuda especializada. Entrar em processo de terapia pode ser de grande ajuda”, afirmou Renata, que faz parte da Sociedade Brasileira de Psicanálise do Rio de Janeiro, ao Pleno.News.
A psicóloga enfatiza que “passamos a vida experimentando lutos” quando, por exemplo, uma criança necessita fazer o luto de um lugar idealizado juntamente com seus pais assim que se ganha um irmãozinho. Noutras palavras, o luto “é um vazio promovido pela perda de alguém ou de algo importante e significativo”.
“É um processo psíquico importante diante de algo que invade o sujeito de forma inesperada deixando-o por um período sem possibilidade de construção narrativa. Justamente por isso o luto é um tempo necessário para a elaboração psíquica e por isso mesmo é fundamental atravessar o luto.”