A emissora Rede Globo anunciou que errou ao produzir uma reportagem sobre a atuação de Heloísa Bolsonaro, afirmando que “como toda atividade humana, o jornalismo não é imune a erros”.
A nota foi publicada pela emissora na noite dessa última segunda-feira dia 16. O repórter da revista Época, publicada pela Globo, se disfarçou como um cliente da psicóloga Heloísa Bolsonaro, com o intuito de fazer uma reportagem sobre o trabalho da profissional, e argumentar algumas de suas opiniões pessoas sobre como foi tratado, bem como se ela o ajudaria.
Depois de passar por cinco sessões realizadas no espaço virtual onde a esposa do deputado federal Eduardo Bolsonaro trabalha, a revista publicou uma matéria sobre ela, a qual veio a publico na sexta-feira, 13 de setembro, no portal digital Da revista Época.
O repórter que estava disfarçado era João Paulo Saconi, que se revelou após o término da quinta sessão. Ele constatou a psicóloga na mesma semana a comunicando de que, gravou todas as sessões que realizaram juntos, e que iria usa-las para uma matéria que seria publicada pela revista.
“se norteia pelos Princípios Editoriais do Grupo Globo, de conhecimento dos leitores e de suas fontes desde 2011. Mas, ao decidir publicar a reportagem, a revista errou, sem dolo, na interpretação de uma série deles” disse em nota a revista Época, “o erro da revista foi tomar Heloisa Bolsonaro como pessoa pública ao participar de seu coaching on-line” continuou ela dizendo.
Confira agora a nota publicada na íntegra, de acordo com o portal :
“Como toda atividade humana, o jornalismo não é imune a erros. Os controles existem, são eficientes na maior parte das vezes, mas há casos em que uma sucessão de eventos na cadeia que vai da pauta à publicação de uma reportagem produz um equívoco.”
Foi o que aconteceu com a reportagem “O coaching on-line de Heloisa Bolsonaro: as lições que podem ajudar Eduardo a ser embaixador”, publicada na última sexta-feira. ÉPOCA se norteia pelos Princípios Editoriais do Grupo Globo, de conhecimento dos leitores e de suas fontes desde 2011. Mas, ao decidir publicar a reportagem, a revista errou, sem dolo, na interpretação de uma série deles.
É certo que em sua seção II, item 2, letra “h”, está dito: “A privacidade das pessoas será respeitada, especialmente em seu lar e em seu lugar de trabalho. A menos que esteja agindo contra a lei, ninguém será obrigado a participar de reportagens”. A letra “i” da mesma seção abre a seguinte exceção: “Pessoas públicas – celebridades, artistas, políticos, autoridades religiosas, servidores públicos em cargos de direção, atletas e líderes empresariais, entre outros – por definição abdicam em larga medida de seu direito à privacidade. Além disso, aspectos de suas vidas privadas podem ser relevantes para o julgamento de suas vidas públicas e para a definição de suas personalidades e estilos de vida e, por isso, merecem atenção. Cada caso é um caso, e a decisão a respeito, como sempre, deve ser tomada após reflexão, de preferência que envolva o maior número possível de pessoas”.
O erro da revista foi tomar Heloisa Bolsonaro como pessoa pública ao participar de seu coaching on-line. Heloisa leva, porém, uma vida discreta, não participa de atividades públicas e desempenha sua profissão de acordo com a lei. Não pode, portanto, ser considerada uma figura pública. Foi um erro de interpretação que só com a repercussão negativa da reportagem se tornou evidente para a revista.
Em sua seção 1, item 1, letra “r”, os Princípios Editoriais do Grupo Globo determinam: “Quando uma decisão editorial provocar questionamentos relevantes, abrangentes e legítimos, os motivos que levaram a tal decisão devem ser esclarecidos”. E o preâmbulo da mesma seção estabelece com clareza: “Não há fórmula, e nem jamais haverá, que torne o jornalismo imune a erros. Quando eles acontecem, é obrigação do veículo corrigi-losde maneira transparente”.
É ao que visa esta Carta aos Leitores. Explicar o que levou à decisão editorial equivocada, reconhecer publicamente o erro e pedir desculpas a Heloisa Bolsonaro e aos leitores de ÉPOCA.”