“As mãos dele estão cheias de sangue”, afirma pastor evangélico sobre Bolsonaro.
"Termos um presidente que tem, consigo e na política de seu governo, um discurso de ódio, que despreza negro, LGBTs e mulheres".
O pastor Henrique Vieira, da Igreja Batista do Caminho, lançou recentemente o livro O Amor Como Revolução. Durante a divulgação do projeto, o escritor, que é também militante de esquerda e filiado ao PSOL, aproveitou para tecer duras críticas ao pensamento conservador que tem tomado conta da política atual, bem como ao presidente da república Jair Messias Bolsonaro, ao qual ele afirma estar com as mãos sujas de sangue.
“Dentro da religião evangélica, existe um segmento com muito poder e o resultado é um ultraconservadorismo. Eles me atacam e deslegitimam as minhas falas”, denunciou o pastor.
“Gosto de frisar que o meu posicionamento não é exótico e que eu não sou um voo solo. Faço parte de uma tradição cristã comprometida com a defesa dos direitos do próximo, e me inspiro em líderes como Martin Luther King, que traduz a minha luta enquanto pastor e homem negro, além de representantes de outros cultos, como a Irmã Dorothy e dom Hélder Câmara”, continuou ele.
De acordo com ele, o motivo pelo qual se enveredou para os caminhos da política se associa à uma necessidade de revolução por parte da população.
“Eu pensava: ‘que sociedade quero construir?’ Me engajei em diversas lutas sociais, estive à frente de movimentos estudantis e encontrei no amor um mecanismo de empatia, rebeldia e resistência, que já conhecia na religião”, explicou ele.
Ao ser questionado sobre como é ser um pastor evangélico e estar associado a um ideal esquerdista simultaneamente em um país onde o conservadorismo tem dominado a política e os ideais religiosos, ele afirmou que:
“É um momento de medo diante da naturalização crescente do terror. Não é razoável termos um presidente que tem, consigo e na política de seu governo, um discurso de ódio, que despreza negro, LGBTs e mulheres. As mãos dele estão cheias de sangue. Ele não bate direta ou indiretamente, mas certamente a fala dele reverbera, autoriza e estimula a violência contra terreiros e minorias”, afirmou ele.
“Muito mais do que um presidente, ele personifica o crescimento de uma cultura anti-humana, insensível. É aterrorizante ver isso ganhando espaço, mas não quero que o medo me paralise. Quero construir resistências, porque isso é terror ganhando contorno institucional, e o resultado só pode ser morte”, acrescentou o pastor.