Igreja Batista é acusada de racismo após desconvidar dois palestrantes negros para evento

A igreja tem como membra a primeira dama Michelle Bolsonaro.

A Igreja Batista Atitude foi acusada recentemente de cometer um ato de racismo ao cancelar a participação de dois palestrantes negros em um evento da instituição.

O assunto deu o que falar pelo fato de que os preletores teriam viés de esquerda em seus discursos e não manteriam a neutralidade em suas falas. Alem disso, a Igreja possui como membra a primeira dama Michelle Bolsonaro, o que acredita-se ter influenciado na decisão da igreja.

O evento esteve baseado em uma roda de conversa com o tema “descolonizando o olhar: O racismo atinge a igreja?”. O evento contava com a participação de Marco Davi de Oliveira e Fabíola Oliveira, que foram desconvidados após uma pressão feita pela liderança da Igreja, que questionou a participação de ambos por se associarem a práticas ecumênicas com religiões afro-brasileiras.

“Eu considero, visivelmente, uma ocorrência racista”, afirmou Fabíola,  “Na verdade, o fato de nossos corpos pretos serem denunciantes da estrutura racista e de sermos impedidos de falar no congresso, é só juntar um mais um, e dá dois”,acrescentou.

Entretanto, o diretor-executivo da Convenção Batista Brasileira, pastor Sócrates de Oliveira Souza, negou as acusações de racismo. “Não houve censura. Seguimos simplesmente um ordenamento interno que não tínhamos observado quando começamos a listar as pessoas. Inclusive eu, que sou negro, participei da roda de conversa”, explicou o pastor, que contou também que a mesa foi mantida mesmo com a ausência dos respectivos preletores.

Ademais, o pastor também disse que há uma norma a ser seguida pela igreja em que os oradores sejam de preferência integrantes de uma igreja Batista que esteja cadastrada e associada à Convenção. Além disso, há uma outra regra para convidados de fora, que diz que os mesmos não devem ser“polêmicos nas redes sociais”.

“Na minha avaliação primária, acho que os dois não se encaixam na norma”, declarou o pastor.

Quem discordou da atitude da igreja foi O pastor Marco Davi de Oliveira.

“Como batista – e por isso que gosto de ser batista –, um dos princípios máximos é a liberdade. A Igreja Batista saiu da Igreja Anglicana, no século 16, justamente porque não concordava com a ingerência do Estado sobre ela. Então ela nasce sob a égide da liberdade. Liberdade individual, de consciência, da igreja e liberdade religiosa. Nascemos como batistas com a ideia de liberdade em nosso DNA. Pena que muitos se esqueceram ou nunca aprenderam sobre isso. Nem mesmo aqueles que estão no poder de nossa denominação”, afirmou

Além de pastor, ele  é pesquisador na área de culturas brasileiras. Neste nicho, o pastor escreveu o livro ‘A Religião mais Negra do Brasil – Por que os negros fizeram opção pelo pentecostalismo?’.

“A questão ideológica tem destruído nossa denominação tirando dela seu real princípio, que é o princípio da liberdade”, explicou ele.

 

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