De acordo com o correspondente da RFI, em Caracas, Oriane Verdier, a intensa crise política e econômica que a Venezuela tem gerado uma nuvem suicida no país. Isso porque o número de casos de suicídios simplesmente explodiu de forma drástica nos últimos tempos.
Diante da situação desesperadora em que as famílias se encontram por causa violência, da fome e inflação, a população já se encontra sem perspectiva. Por isso, a morte tem sido para algumas pessoas a grande solução para a fuga da miséria e do caos que está o país.
“A cada semana recebemos, em média, quatro novos casos de pacientes com pensamentos suicidas”, relata Marisol Ramirez, que é presidente da rede nacional Psicólogos Sem Fronteiras.
Além disso, em parceria com a federação de psicólogos venezuelanos, eles tem oferecido diversos atendimentos para a população, objetivando uma melhora no quadro da saúde mental das pessoas, ajudando as a lidar com suas emoções perante as dificuldades durante o regime socialista.
No ano passado, ocorreram proximamente 800 suicídios registrados só na capital. As famílias que há pouco matavam seus cachorros para poder se alimentar, agora pensam em tirar a própria vida.
Com isso, Marisol afirmou que o número de pessoas que enxergam a solução para a miséria na morte é cada vez maior.
“Os pacientes dizem: se eu estivesse morto, minha família não teria mais que se cansar para encontrar remédios e cuidaria dos meus filhos. Elas vivem pensando que podem ser assassinadas, que podem morrer…”, declarou a psicóloga.
“As pessoas falam da morte com tanta naturalidade. Parece até ser uma opção como outra qualquer”, completou ela.
Entretanto, o que mais choca no quadro do país é que o crescente índice de suicídios não se restringe apenas a população adulta, pois s crianças também têm sido afetadas pela nuvem da morte que passa pelo país. Para elas, a solução para os problemas enfrentados pelos pais estaria em tirar a própria vida. Dessa forma, a família teria uma pessoa a menos para alimentar.
Mesmo com os agravos da crise, Nicolás Maduro não reconhece que a situação tenha chegado a esse ponto. Para o governo do ditador, a palavra suicídio é proibida, pois quem fala sobre isso estaria fazendo um tipo de apologia à morte.